
METANFETAMINAS
A metanfetamina é uma droga que atua no sistema nervoso central, estimulando-o e afetando mecanismos de neurotransmissão. Devido à sua capacidade de atravessar facilmente a barreira hematoencefálica, provoca efeitos não só no sistema nervoso central (SNC) mas também no sistema nervoso periférico (SNP).[3]
Tem ação simpaticomimética indireta, ou seja, é agonista indireta das catecolaminas (dopamina, noradrenalina e serotonina). Assim sendo, a metanfetamina tem a capacidade de alterar as funções do transportador de monoaminas vesicular 2 (VMAT-2), do transportador de dopamina (DAT), do transportador da noradrenalina (NET) e do transportador da serotonina (SERT). Como consequência observa-se um aumento da libertação neuronal das catecolaminas e, por conseguinte, estimulação dos recetores pós-sinápticos (figura 1).[1,2,3]
Para além disso, a metanfetamina aumenta a quantidade de catecolaminas por inibição da monoamina oxidase (MAO): responsável pela metabolização de dopamina, serotonina e noradrenalina. [2]
As alterações a nível dos SNC e SNP traduzem-se pelas seguintes manifestações clínicas: [3,4]
Tanto a metanfetamina como o seu metabolito, anfetamina, são usadas maioritariamente como drogas de abuso. No entanto, nos Estados Unidos da América, estas drogas fazem parte de algumas formulações medicamentosas para o tratamento de défice de atenção em crianças hiperativas, bem como para o tratamento da obesidade. Sendo este último tratamento, por um curto período de tempo.[1] Pode ainda referir-se o uso do enantiómero levometanfetamina em descongestionantes nasais (Vicks®).[4]
A metanfetamina pode ser administrada por diferentes vias (vaginal, anal, intranasal, intravenosa, oral, fumada) e, de acordo com a mesma, o efeito máximo de euforia pode ser atingido em mais ou menos tempo.
Comparativamente à anfetamina, a metanfetamina tem uma estrutura similar com exceção de um grupo extra N-metil. Este grupo, confere-lhe maior lipofilia e, por isso, maior capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica (BHE). Assim, a sua distribuição é mais rápida, atingindo os rins, os pulmões e o cérebro essencialmente.[1,3]
A metanfetamina é metabolizada no fígado e origina três principais metabolitos:[2]
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Anfetamina (N-desalquilação)
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4-hidroxianfetamina (Desaminação)
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Norefedrina (Oxidação)
A norefedrina por hidroxilação origina o-hidroxinorefedrina que atua como ”falso neurotransmissor”, sendo por isso, responsável por alguns dos efeitos nefastos.[6]
Fig. 2: Principais metabolitos da metanfetamina
A sua excreção é feita maioritariamente a nível renal (70%) e ocorre com a seguinte distribuição nas primeiras 24h: [1,2]
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30 a 50% sob a forma de metanfetamina;
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até 15% sob a forma de 4-hidroxianfetamina;
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cerca de 10% como anfetamina.
No entanto, dependendo da dose administrada e do pH da urina, e excreção pode ir até cerca de 10 dias (quanto mais alcalina for a urina, maior o tempo de semivida da metanfetamina).[6]
Mecanismo de ação
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Aumento da frequência cardíaca
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Aumento da pressão arterial
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Vasoconstrição
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Broncodilatação
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Hiperglicemia
Usos Terapêuticos
Fig. 1: mecanismo de ação da metanfetamina
Farmacocinética

Tabela 1: biodisponibilidade da metanfetamina de acordo com a dose e via de administração

[1] Kish J., Stephen. “Pharmcologic mechanisms of crystal meth”. CMAJ. Junho 2008. Vol. 178. Pp: 1679-1682.
[2] Cruickshank, C. ; Der, K. ”A review of the clinical pharmacology of methamphetamine”. SSA. 2009. doi:10.1111/j.1360-0443.2009.02564.x
[3] Vearrier, D. et al. “Methamphetamine: History, Pathophysiology, Adverse Health Effects, Current Trends, and Hazards Associated with the Clandestine Manufacture of Methamphetamine”. DM. Fevereiro, 2012. Vol. 58. Pp: 38-89.
[4] http://en.wikipedia.org/wiki/Levomethamphetamine (consultado em 18/5/2014)
[5] http://www.cannabiscafe.net/foros/showthread.php/215952-Crystal-MetH-MERECE-REALMENTE-LA-PENA (consultado em 18/5/2014)
[6] http://www.inchem.org/documents/pims/pharm/pim334.htm#PartTitle:6. KINETICS (consultado em 18/5/2014)
[7] http://www.frontiersin.org/files/Articles/35849/fgene-03-00235-HTML/image_m/fgene-03-00235-g002.jpg (consultado em 17/5/2014)
Figura 1: http://www.cmaj.ca/content/178/13/1679.figures-only (consultado em 24/5/2014)
Figura 3: http://www.inchem.org/documents/pims/pharm/pim334.htm#PartTitle:6. KINETICS (consultado em 18/5/2014)
BIBLIOGRAFIA


- Euforia
- Alucinações
- Agressividade
- Estado de alerta
- Redução da fadiga